Hoje
gostaria de expor um tema polêmico, muito debatido nas redes
sociais, da qual está abarrotada de falsas informações, equívocos
e conceitos distorcidos.
O
termo Orí Méjì é comumente usado entre o povo de santo para
designar indivíduos que possuam a duplicidade de Òrìṣà,
em uma única cabeça. Para um melhor entendimento se faz necessário
esclarecer que quando adjetivo o termo Méjì significa: dois, duas,
casal, par, gêmeos, porém quando quando o referido termo se trata
de um substantivo tem o significado de equivoco, falsidade.
Sabemos
perfeitamente que durante o complexo e elaborado Rito Iniciático, o
ápice da cerimônia será a consagração do noviço através do Òṣù
– um amalgamado de substâncias mágico religiosa, do qual denomino
de maneira mui particular, o DNA MÍTICO, ou seja, a substância
mítica que carrega em si a individualização do Òrìṣà a ser
consagrado. Essa junção e misturas de elementos sagrados, será
fixada em um ponto preciso e especifico na cabeça do noviço.
Obviamente não poderá existir “duas massas distintas” pois em
todas as cabeças existem apenas um “ponto exato” destinado a
receber o Òṣù.
Esse
suposto “ìyáwòrìṣà orí méjì” receberia de que forma
dois “Òṣù distintos de dois Òrìṣà distintos” em uma
única cabeça física?
Outro
fator importante a ser mencionado, é o fato daqueles que se
submeteram a suposta “cerimonia de iniciação e consagração de
um orí méjì” carregar e receber tudo em duplicidade, ou melhor
dizendo, “tudo aquilo que um Òrìṣà receber o outro também
receberá em absoluta igualdade”. Com exceção do mais importante
entre todos eles o Òṣù.
Se
realmente existe a necessidade e obrigatoriedade de ser iniciado e
consagrado dois Òrìṣà diferentes em uma única cabeça, que não
seja em uma única cerimonia de iniciação e sim em duas, pois em
meu conhecimento e entendimento, não existe nenhuma possibilidade de
iniciar uma pessoa para duas divindades em uma única vez.
Acredito
que uma única pessoa possa ser iniciada e consagrada a várias
divindades, quantas forem necessárias, como ocorre em território
africano, do qual se trata de uma pratica comum entre os iorubás,
embora não seja aceita e até mesmo muito criticada na tradição
afro brasileira.
Podemos
assentar, cuidar, zelar de quantos Òrìṣà forem necessário em
nossa jornada religiosa, mas se formos iniciado e consagrado apenas
uma única vez, pertenceremos a uma única Divindade Tutelar.
Não
sou, não fui, não pretendo ser e nunca serei o “Dono da Verdade”;
então o que aqui acabo de relatar é apenas o meu ponto de vista em
particular e sempre respeitando os demais, sobre tudo aqueles que de
certa forma se julguem Orí Méjì e aqueles que os iniciaram nos
mistérios das religião.
Um
forte abraço a todos.
Baba
Guido Olo Ajaguna.