terça-feira, 6 de outubro de 2015

AS DROGAS E O SAGRADO

"Uma Luz nas Trevas"


Em nossa sociedade moderna, o doente toxicômano é frequentemente visto em várias esferas religiosas e dentro de nossa religião não é diferente. Muitos são aqueles que adentraram nosso culto com o intuito de sanar sua patologia; alguns procuram a religião como um tratamento alternativo, baseado em uma aliança entre a nossa medicina tradicional a medicinal moderno, ou seja tratamento clínico e obviamente outros não reconhece sua enfermidade psíquica, somente procurando ajuda quando ultrapassar com estrépido a barreira do senso ou da realidade comum. O Tradicionalismo reza que o “senso da vida” está estreitamente ligado à noção de sagrado na medida em que neste contém valores mais profundos da existência como a vida e a morte. Muito tem se discutido sobre a questão da Matéria, Espírito e Espiritualidade constituírem um todo, então, refletir sobre o “senso e a realidade” é refletir sobre a Vida.

O toxicômano teria perdido ou poderá vir a perder a noção do sagrado? Sabemos que a religiosidade e a espiritualidade vêm sendo claramente identificadas como fatores protetores ao consumo de drogas em diversos níveis. Estudos têm apontado para evidência de que as pessoas que frequentam regularmente um culto religioso, ou que dão relevante importância à sua crença religiosa, ou ainda que praticam, no cotidiano, as propostas da religião professada, apresentam menores índices de consumo de drogas lícitas e ilícitas. Além disso, os dependentes de drogas apresentam melhores índices de recuperação quando seu tratamento é permeado por uma abordagem espiritual, de qualquer origem, quando comparados a dependentes que são tratados exclusivamente por meio médico.

Desde a antiguidade, os grandes sacerdotes estimulavam um importante “ponto” de nosso cérebro: a Glândula Pineal, que acreditasse desempenhar um importante papel na espiritualidade do Homem e funciona como um elo de ligação entre o corpo e o espírito, em resumo neste ponto reside a “consciência espiritual” do Homem refletida através do corpo físico. Para um melhor entendimento sobre esta polêmica questão, desmembro o assunto em dois níveis: o Mundo Científico e o Mundo Religioso.

No Mundo Científico.

A Glândula Pineal ou epífise neural, apesar das funções fisiológicas desta glândula serem muito discutidas, parece não haver dúvidas quanto ao importante papel que ela exerce na regulação dos chamados ciclos circadianos, que são os ciclos vitais (principalmente o sono) e no controle das atividades sexuais e de reprodução. Há algumas décadas, acreditava-se que a Glândula Pineal fosse um órgão vestigial, assim como o apêndice vermiforme em humanos, sem função atual. No entanto, mesmo órgãos vestigiais podem apresentar alguma função, ocasionalmente diferente da função do órgão do qual se originou. Na Universidade de Yale descobriram que a melatonina está presente em altas concentrações na pineal. A melatonina é um hormônio derivado do aminoácido triptofano, que tem outras funções no sistema nervoso central. A produção de melatonina pela pineal é estimulada pela escuridão e inibida pela luz. O Jornal FASEB publicação oficial do Federation of American Societies for Experimental Biology, publicou experimentos que a Glândula Pineal podem influenciar a ação de drogas de abuso como a cocaína e antidepressivos e pode também contribuir na regulação da vulnerabilidade neuronal a lesões.

No Mundo Religioso.

Dentro do contexto religioso Iorubá, essa glândula esta ligada ao Orí Inú “a cabeça interior” e Ọ̀rúnmìlà, ou seja, ao Saber Divino. Nela está contida a essência da personalidade, o verdadeiro caráter, o Espírito do Homem que emana diretamente do Deus Criador – Olódùmarè.
Orí Inú é o Ser Interior ou o Ser Espiritual do Homem e é imortal. O Corpo Literário de Ifá, mais precisamente no m Odù Ogbè Ogúndà, nos revela que Orí Inú tem a supremacia sobre o Orí Òde “a cabeça física”. Isto sugere, portanto, o domínio do Espirito sobre a Matéria, que o sucesso ou fracasso do Ser exterior depende essencialmente da natureza dinâmica do interior do Homem e atua como fusão entre nosso consciente e inconsciente. Sendo a parte mais importante do corpo, tem prioridade sobre os ritos litúrgicos, sobre tudo os ritos iniciáticos e constantemente “fortalecido” através da transmissão de àṣẹ, durante os ritos de Iborí que visa restaurar o equilíbrio e a harmônia entre as duas partes.

Na concepção de outras crenças.

Os Hindus a conhecem como Shakra Agna, “o chacra do terceiro olho” o principal órgão do corpo, possuidor de dois chacras ou centros de energia responsáveis pelo desenvolvimento extra físico, como receptores e transmissores de energia vital.”

A glândula pineal tem sido considerada – desde René Descartes em meados do século XVII, que afirmava que nela se situava a alma humana - um órgão com funções transcendentes. Além de Descartes, um escritor inglês com o pseudônimo de Lobsang Rampa, entre outros, dedicaram-se ao estudo deste órgão. Com a forma de pinha (ou de grão), é considerada por estas correntes religioso filosóficas como um terceiro olho devido à sua semelhança estrutural com o órgão visual. Localizada no centro geográfico do cérebro, seria um órgão atrofiado em mutação com relação em nossos ancestrais.”

Os defensores destas capacidades transcendentais deste órgão, consideram-no como uma antena. A glândula pineal tem na sua constituição cristais de apatia. Segundo esta teoria, estes cristais vibram conforme as ondas eletromagnéticas que captassem, o que explicaria a regulação do ciclo menstrual conforme as fases da lua, ou a orientação de uma andorinha em suas migrações. No ser humano, seria capaz de interagir com outras áreas do cérebro como o córtex cerebral, por exemplo, que seria capaz de decodificar essas informações. Já nos outros animais, essa interação seria menos desenvolvida. Esta teoria pretende explicar fenômenos paranormais como a clarividência, a telepatia e a mediunidade."

A Doutrina Espírita dedica-se à formulação destas explicações desde Allan Kardec em meados do século XIX. Na obra Espírita Missionários da Luz, ditada pelo espírito de André Luiz, através da psicografia do médium Francisco Cândido Xavier, a epífise neural é descrita como a glândula da vida espiritual e mental. Para a Doutrina Espirita, este órgão de elevada expressão no corpo etéreo. Preside os fenômenos nervosos da emotividade, devido a sua ascendência sobre todo o sistema endócrino, e desempenha papel fundamental no campo sexual. Na mesma obra, André Luiz descreve ainda que a epífise está ligada à mente espiritual através de princípios eletromagnéticos do campo vital, que a ciência formal ainda não pode identificar, comandando as forças subconscientes sob a determinação direta da vontade. Na atualidade, o assunto é estudado pelo especialista Dr. Sérgio Felipe de Oliveira. Segundo ele, a pineal seria capaz de gerar forças psíquicas a todos os armazéns autônomos do órgão.”

Apesar de alegações de diversas correntes de que a pineal seria uma "antena" por onde a Alma transmitiria os pensamentos para o cérebro, a extração completa da glândula por cirurgia, realizada em casos de tumores benignos ou malignos, não leva à morte ou qualquer alteração na capacidade de pensamento.

Entendo que aqueles que iniciam e se consagram dentro de nossa religião, passam a ter duas vidas: a religiosa e a profana. Certo de que a primeira influência por demais sobre a segunda... Se analisarmos atentamente o texto acima descrito, poderia perfeitamente concluir que as drogas afastam os adeptos da verdadeira essência do sagrado... Vários são os sacerdotes, principalmente os Babalawó afirmam categoricamente, que o consumo de drogas “enfraquece o poder” recebido durante os ritos litúrgicos; dificulta a comunicação entre os dois planos de existências ọ̀runàiyé “o invisível e o visível” “o espiritual e o material”. O mais grave de tudo, que a droga implica profundamente no Ìwà Pẹ́lẹ̀ – O Caráter do Homem, de suma importância no ciclo de vida de um indivíduo religioso.

Baba Guido Olo Ajagùnà