Um Conto de Baba Guido
Decidi por conta e
risco atravessar esse mar a nado. No inicio foi muito emocionante quando do meu
primeiro mergulho. A cada braçada me sentia mais intimo dessas águas. Foi
quando então criei coragem de mergulhar mais fundo, e a cada mergulho uma nova
descoberta. Quanto mais fundo eu avançava, mais segredos eu desvendava, mas
chega o momento de retornar a superfície, pois “ninguém há de saber todos os profundos
mistérios desse mar”.
Dias de calmaria se
passaram, assim como dias de agitação também. Enfrentei tempestades, frio,
calor, fome, sede, inimigos naturais e até mesmo predadores. Encontrei
embarcações de grande e pequeno porte, algumas nem sequer queriam saber o que
ali estava fazendo, enquanto outras tudo me perguntavam, e aquilo que achava de
direito lhe falar, narrava as minhas experiências e conhecimentos.
Encontrei alguns que
estavam no mesmo lema que eu, o de atravessar esse mar de conhecimento. Alguns
se aproximaram, outros se afastaram, enquanto muitos se perderam de vista. Muito
que pedi ajuda para essa tamanha façanha, alguns me ajudaram enquanto outros me
ignoraram; alguns até mesmo me desdenharam. Teve até mesmo aqueles que
desejaram que eu me afogasse ou fosse devorado por algum monstro sobrenatural.
Chegou o momento de extremo
cansaço, então como um verdadeiro “barco a deriva”, fiquei boiando de costa,
deixando que a correnteza desse mar me levasse para onde ele assim o desejasse.
Recuperei minhas forças e repeti tudo novamente por várias e várias vezes, e
mesmo assim estava um pouco a mais da metade desta minha árdua jornada por
essas águas profundas. Mas então, num certo momento desses descansos, meu corpo
não mais agüentou e meus olhos não mais abriram; Deus me deu o descanso eterno!
Acordei todo molhado de
suor e pensei comigo: Porque eu não fiz essa travessia de barco? Se o fizesse,
teria eu conseguido atravessar essa imensidão das águas? Depois de refletir aos
meus próprios questionamentos, cheguei à conclusão de que poderia sim chegar além-mar,
mas não teria adquirido a mesma bagagem de conhecimentos.
Possa ser uma obra de
ficção, mas qualquer semelhança é mera coincidência.
Baba Guido Olo Ajaguna
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