“Cante com amor no
coração e as divindades lhe ouvirão”
Sim, exatamente isso “intimar”, é o que está acontecendo na
maioria dos Terreiros de Candomblé, quando o “cântico de invocação” for
entoado, “recebe o santo ou apanha do pai de santo”. Sem falar na sua
desmoralização se chegar atrasado. Mas
quem és tu Baba Brutus, um reles mortal para intimar um Òrìṣà?
Acredito que todos já tenham presenciado cenas deprimentes de ìyáwò ser agredida no salão em
pleno dia de festa, com a casa repleta de convidados, simplesmente por seu Òrìṣà
não ter chegado no momento exato em que o pai de santo determina como “obrigatório”.
Isso se o “Divino Atrasado” não for agredido verbalmente e muitas vezes
fisicamente. Quem aqui nunca ouviu falar de iniciados de Baba mi Òṣògíyan que
apanharam com “varas de atori”, a ponto de formarem vergões horríveis no corpo
da pessoa? Se já não bastasse as Igrejas Evangélicas espancarem as pessoas para
expulsar “aquele do mal”, agora os Terreiros de Candomblé tem que espancar as
pessoas para receberem “aquele do bem”.
Não estou aqui para questionar aqueles que “dão
santo demais, santo de menos ou os que nada dão”; mas acredito que esse tipo de
“atitude grotesca” de certos sacerdotes, simplesmente induzem o “transe
simulado” no indivíduo que está sofrendo esse tipo de agressão. Será que esses
“Senhores dos Santos”, não tem o devido conhecimento de que se o Òrìṣà
não se manifestar-se no salão ele terá a opção de invocá-lo dentro do “quarto
de santo”? Não se leva mais em consideração o fato daquele indivíduo estar
devidamente preparado ou não para o transe de possessão naquele momento e
naquele dia?
Numa colocação mui particular, “Òrìṣà
não se intima e sim se convida”, suplica-se a sua presença perante nós mortais.
Aquele celebre cântico de invocação que diz a palavra “jàre” do qual significa, ”por
favor,” já diz por si só o que aqui acabo de descrever.
Baba Guido Olo Ajagùnà
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