Os três tambores de nossa
religião, também conhecido pelo nome de atabaques, dos quais não
vejo a necessidade de citar seus respectivos nomes em Ioruba e nem
Fon Gbe, pois todos já estão cansados de saber; deveriam ser
tratados com mais seriedade e respeito.
O Tambor “por si só” já se
encontra no “status” de sagrado, pois para ser confeccionado, uma
árvore teve que ser sacrificada e nessa habitava o “espirito da
árvore” do qual dividia sua morada com outras entidades. O Tambor
para ser encourado um animal teve que ser sacrificado, em seu corpo
habitava o “espirito do animal”.
Quando esses instrumentos de
percussão, adentra um Terreiro de Candomblé, os mesmos são
“sacramentados”, onde cada um deles são parcialmente abertos,
para que através de determinados ritos propiciatórios a essência
de três divindades femininas adentrem em cada um dos tambores e após
o término da cerimônia, este são novamente fechados, ou seja,
essas três divindades são “aprisionadas” em seu interior, e
dali só serão previamente libertadas em um determinado espaço de
tempo.
Poucos são aqueles que detém o
conhecimento e entendimento, desse rito, pois se assim o fosse, a
maioria das pessoas teriam mais respeito pelos tambores. Aqueles que
estão por detrás deles, reproduzindo o som sagrado, não são mais
importantes do que os próprios tambores. Primeiro reverenciamos os
tambores, nos prostrando no chão, depois pedimos a benção aos seus
tocadores.
Aquele que “toca” o tambor,
tem que ser preparado para tal finalidade, não é todo mundo que
pode tocá-lo, principalmente um noviço que entre em transe de
possessão. Os tocadores de outros terreiros, só podem manuseá-los
com a permissão do dirigente da Casa de Candomblé. Tambor que todo
mundo toca e faz dele o que bem entender são aqueles nas “Escolas
de Samba e não os de Candomblé”.
Por algum descuido, o tambor que
caí no chão, nada se vê fazer para levantá-lo de sua imprudente
queda. Simplesmente o colocam de volta no estrado, independente de
ser um homem ou uma mulher, para a maioria tanto faz que levantou ou
quem derrubou o tambor no chão.
Enfeitá-lo com laços e laçarotes
é outra questão polêmica, quanto a questão de quem amarra e quem
desamara os tambores, principalmente quando se cobre os tambores com
pano e quando os deixam expostos. Sem mencionar no fato de quando os
tambores devem se deitar para “dormir” e o momento certo de
“despertar”.
Mas não é somente as pessoas que
não respeitam os tambores, tenho visto muito que existem pessoas
manifestadas que mesmo nessa situação, não tem nenhum respeito
pelo tambor. Como no fato de dar cabeçada, barrigada, peitada e
colocar as mãos no couro do tambor, com o intuito de pará-los. Não
respeitam nem a ordem das “passagens rítmicas” que emanam dos
tambores.
Os tambores que não foram
consagrados e sacramentados, não passam de simples instrumentos de
percussão, assim como qualquer outro instrumento musical.
Em minha opinião muito
particular, os tambores que são preparados ritualisticamente dentro
dos padrões de nossa Nação de Ketu, deveriam ser usados somente
para esta finalidade. Aqueles que cultuam Caboclo e outras classes de
espíritos, deveriam ter um “terno de atabaques” para tais fins.
Acredito que não haja a necessidade de explicar o porque de meu
pensamento.
Para finalizar, devo declarar-me
que não sei tocar, mas sei “colocar defeitos”, pois tenho “bons
ouvidos”, e alem do mais, essa não é a minha função. Não
podemos esquecer que o som e a precursão é a “Alma do
Candomblé”. Então, aquele que não sabe e não pode tocá-los se
retire detrás deles, do qual estaria prestando um grande favor em
prol de nossa estimada religião.
Baba Guido Olo Ajaguna
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