Alguma
vez em sua vida, você reparou que ao abrir o registro de uma torneira, se faz
em sentido anti-horário? Ou que a fechadura da porta de entrada, faz com que a
chave gire em sentido anti-horário? Exatamente isso!
Em meu
entendimento, dançamos o ṣíre em sentido anti-horário, com a finalidade de
abrir uma espécie de “portal” entre os dois planos de existência, ou seja, Ọ̀run
– Plano Espiritual e o Àiyé – Plano Material.
A
própria palavra [ṣí] – averbada no Dicionário Yoruba – Português, faz
referência a um verbo intransitivo,
que significa “abrir, descobrir”. Enquanto que a palavra [re] seria a forma
contraída do substantivo [õre] do qual significa “bondade, favor, benevolência”.
A ortografia
do idioma ioruba nos permite suprir uma das vogais, quando uma palavra termina
em vogal e a próxima palavra se inicia com outra vogal. Então teremos as seguintes
escritas [ṣí õre] [ṣí(õ)re] [ṣí’re] [ṣíre].
Entretanto,
não posso deixar de mencionar, que a palavra ṣíre não pode ser simplesmente traduzida
“ao pé da letra”, mas sim interpretada, de acordo com o discernimento de cada
um.
Em uma
colocação muito particular, entendo que durante a cerimônia do ṣíre, do qual
antecede o ponto culminante de todas as festividades, estamos abrindo uma
passagem para descobrirmos e recebermos a magnanimidade,
complacência, a transigência, e desta forma, que a benevolência de nossas
divindades esteja presente entre nós, naquele momento tão sublime.
Certa
vez ouvi uma antiga senhora me dizer: Meu
filho, um xirê bem entoado, bem cantado, bem tocado, ali naquela hora, com todo mundo
compenetrado, fica mais fácil de Orixá chegar nesse mundo!
Baba
Guido Olo Ajagùnà
parabéns pelo seus esclarecimentos e desmistificação de enumeras situações, sem respostas de vários zeladores que deixam seus filhos perdidos na cultura e costumes de nossos orisa, "mais perdidos do que cego em tiroteio".
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