domingo, 19 de junho de 2016

I CHING e o ORÁCULO DE IFÁ

A principio, o título dessa postagem, pode parecer estranho aos olhos de meus leitores. Mas o intuito deste new post é apresentar alguns pontos de semelhanças nos métodos divinatórios do I Ching (chinês) e o método de Ifá (iorubano).

De suma importância mencionar, que os fenômenos dos oráculos arcaicos não estão somente limitados a China e a África, pois podemos encontrá-los nas mais diversas culturas, sob as mais diferentes roupagens. Entendo que os oráculos são manifestações do mesmo espírito de busca de interpretação do desconhecido.

Em uma opinião mui particular, sem desdenhar os demais oráculos existentes, o enorme êxito despertado pelo I Ching e Ifá em todo o mundo, decorre da exatidão de suas respostas.

A origem deles ainda é de difícil verificação. O fato indiscutível é a sua constância em ambos os continentes. Pertencem ao subsolo da raça humana e parecem provir de uma mesma camada do inconsciente coletivo onde vamos encontrar os arquétipos. 

Podemos formular hipóteses sobre as suas origens uma delas nos falam que ambas as tradições são extraterrena. Deparamos personagens míticos da mesma espécie nas duas culturas referente às origens dos povos. E em todas elas a mesma indicação de uma origem extraterrestre, ainda que embora, essa teoria seja de grande polemica.

Limito-me a descrever o complexo método de manipulação de ambos os oráculos, assim como seus ritos propiciatórios que antecedem a consulta, pois seu contexto não cabe nesse trabalho.
Para se obter os símbolos do I Ching, denominado de hexagrama serão utilizados cinqüentas varetas de caule de milefólio (Achillea milefolium – Asterraceae).


Esse signo será formado por dois trigramas. Dessas 50 varetas, uma será retirada e as 49 restantes serão divididas em quatro grupos; deverão ser manipuladas por seis vezes, e a cada manejo será registrada uma linha cheia ou vazada em sentido horizontal. Os traços lineares devem ser registrados de baixo para cima. Dentro desse sistema divinatório existem 8 trigramas primários que dão origens a 64 hexagramas, ou seja, 8x8.


 No caso de Ifá, os símbolos são denominados de Odù, e para se obter seu registro, são utilizados dezesseis coquinhos (nozes) de um tipo especial de palmeira de dendê que ao invés de apenas dois olhos como nas palmeiras comuns, apresentam três ou mais olhos. (Elais guinessis - Idolátrica - Palmae ).




Esse signo, do qual tomo a liberdade de denominá-lo de octograma, será formado por dois tetragramas. Os respectivos caroços, conhecidos pelo nome de Ikin Ifá serão manipulados por oito vezes, e a cada manuseio será registrada um traço único ou duplo, em posição vertical. Inserido no sistema divinatório de Ifá existem 16 signos primários que darão origens a 240 signos secundários, totalizando em 256 símbolos, ou seja, 16x16.  Da mesma forma que o I Ching, os traços devem ser riscados de baixo para cima.
(fotos dos caroços, tetragrama e octagrama)



“A identidade é flagrante”



Observem que o hexagrama do I Ching é o resultado da fusão de dois trigramas, em contrapartida com a fusão dos dois tetragramas, que dão origem ao octagrama de Ifá, onde as linhas extremas se fundem “numa só” comum aos dois oráculos, pois tanto um trigrama, assim como um único pentagrama, não poderia ser concluída a consulta ao oráculo.


É interessante notar que o número 4 (a unidade quaternária) básico na contagem das varetas do I Ching, está presente no Oráculo de Ifá se comparado ao número 16 (4x4).

Tanto no I Ching como no Ifá, existe um método mais rápido de se obter os respectivos símbolos; no primeiro a utilização de três moedas chinesas que serão lançadas por seis vezes.


No segundo é utilizado uma corrente com oito favas (Schrebera arborea - Oleacea), conhecidas pelo nome de Ọ̀pẹ̀lẹ̀ Ifá. Com um único lançamento do rosário divinatório aparecem 2 figuras que possuem um lado côncavo e outro convexo, que combinadas, formam o Odù.





Outro fator interessante, é que após o registro tanto dos signos do I Ching, assim como os signos de Ifá, uma série de narrativas são iniciadas, em um texto rico em parábolas, metáforas e personagens míticos.

Em tempos atuais, as sucessivas edições e comentários sobre o I Ching e Ifá, bem como inúmeros grupos de estudos nas maiores universidades do mundo, a eles dedicados, são uma prova de que os seus ensinamentos, pouco ortodoxos em matérias de ciência, são uma realidade que não pode ser contestada.

Cabe-nos agora referirmos-nos a importância que esses ensinamentos arcaicos podem trazer ao nosso mundo. Acredito que há uma necessidade urgente de reformulação dos padrões tradicionais científicos, cito, “Religião e Ciência se fundem, mas não se confundem”.

Entendo que esteja acontecendo no Mundo Espiritual à “Revolução equivalente à ocorrida no Mundo da Ciência” quando, na Renascença, as concepções homo centradas foram substituídas por um universo de múltiplas dimensões.

O pensamento racional, lógico, concreto, irá ser abalado gradativamente à medida que técnicas arcaicas vão ressurgindo e demonstrando a sua extrema adequação no tratamento dos fenômenos. Nota-se desde um século atrás, aproximadamente, uma incontida sede pelos métodos arcaicos.

Todos os caminhos são validos quando podem levar o homem ao encontro de si mesmo; mesmo que essa busca usou métodos não convencionais para alguns. Deixemos de lado os nossos preconceitos prontos para compreender a linguagem que os oráculos nos fala, “o som de idades perdidas ressoa em suas palavras”.


Baba Guido Olo Ajaguna

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