segunda-feira, 20 de junho de 2016

TAMBORES SAGRADOS DEVEM SER TRATADOS COM RESPEITO





Os três tambores de nossa religião, também conhecido pelo nome de atabaques, dos quais não vejo a necessidade de citar seus respectivos nomes em Ioruba e nem Fon Gbe, pois todos já estão cansados de saber; deveriam ser tratados com mais seriedade e respeito.

O Tambor “por si só” já se encontra no “status” de sagrado, pois para ser confeccionado, uma árvore teve que ser sacrificada e nessa habitava o “espirito da árvore” do qual dividia sua morada com outras entidades. O Tambor para ser encourado um animal teve que ser sacrificado, em seu corpo habitava o “espirito do animal”.

Quando esses instrumentos de percussão, adentra um Terreiro de Candomblé, os mesmos são “sacramentados”, onde cada um deles são parcialmente abertos, para que através de determinados ritos propiciatórios a essência de três divindades femininas adentrem em cada um dos tambores e após o término da cerimônia, este são novamente fechados, ou seja, essas três divindades são “aprisionadas” em seu interior, e dali só serão previamente libertadas em um determinado espaço de tempo.

Poucos são aqueles que detém o conhecimento e entendimento, desse rito, pois se assim o fosse, a maioria das pessoas teriam mais respeito pelos tambores. Aqueles que estão por detrás deles, reproduzindo o som sagrado, não são mais importantes do que os próprios tambores. Primeiro reverenciamos os tambores, nos prostrando no chão, depois pedimos a benção aos seus tocadores.

Aquele que “toca” o tambor, tem que ser preparado para tal finalidade, não é todo mundo que pode tocá-lo, principalmente um noviço que entre em transe de possessão. Os tocadores de outros terreiros, só podem manuseá-los com a permissão do dirigente da Casa de Candomblé. Tambor que todo mundo toca e faz dele o que bem entender são aqueles nas “Escolas de Samba e não os de Candomblé”.

Por algum descuido, o tambor que caí no chão, nada se vê fazer para levantá-lo de sua imprudente queda. Simplesmente o colocam de volta no estrado, independente de ser um homem ou uma mulher, para a maioria tanto faz que levantou ou quem derrubou o tambor no chão.

Enfeitá-lo com laços e laçarotes é outra questão polêmica, quanto a questão de quem amarra e quem desamara os tambores, principalmente quando se cobre os tambores com pano e quando os deixam expostos. Sem mencionar no fato de quando os tambores devem se deitar para “dormir” e o momento certo de “despertar”.

Mas não é somente as pessoas que não respeitam os tambores, tenho visto muito que existem pessoas manifestadas que mesmo nessa situação, não tem nenhum respeito pelo tambor. Como no fato de dar cabeçada, barrigada, peitada e colocar as mãos no couro do tambor, com o intuito de pará-los. Não respeitam nem a ordem das “passagens rítmicas” que emanam dos tambores.

Os tambores que não foram consagrados e sacramentados, não passam de simples instrumentos de percussão, assim como qualquer outro instrumento musical.

Em minha opinião muito particular, os tambores que são preparados ritualisticamente dentro dos padrões de nossa Nação de Ketu, deveriam ser usados somente para esta finalidade. Aqueles que cultuam Caboclo e outras classes de espíritos, deveriam ter um “terno de atabaques” para tais fins. Acredito que não haja a necessidade de explicar o porque de meu pensamento.

Para finalizar, devo declarar-me que não sei tocar, mas sei “colocar defeitos”, pois tenho “bons ouvidos”, e alem do mais, essa não é a minha função. Não podemos esquecer que o som e a precursão é a “Alma do Candomblé”. Então, aquele que não sabe e não pode tocá-los se retire detrás deles, do qual estaria prestando um grande favor em prol de nossa estimada religião.


Baba Guido Olo Ajaguna

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