sexta-feira, 31 de julho de 2015

ÌFẸ ÀTINÙWA – O Livre Arbítrio e KÀDÁRÀ – O Destino.


O Livre arbítrio é o poder que cada indivíduo tem de escolher suas ações, que caminho quer seguir. possibilidade de decidir, escolher em função da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante. A expressão é utilizada quase que universalmente por diversas religiões. Entretanto, o real significado de livre arbítrio não tem apenas sentido religioso, e sim psicológicos, morais e científicos. A definição e conceito de livre arbítrio para muitas pessoas, significa “ter liberdade”, e muitas vezes, esse termo se confunde com desrespeito e falta de educação para com o seu próximo. Em minha opinião, “cada um realmente tem o direito de fazer o que bem entender com a sua vida e decidir qual caminho a seguir, mas desde que não prejudique absolutamente ninguém”.

Embora o Livre arbítrio seja um direito do Ser Humano, seria como se fosse uma “disputa acirrada” entre o Ìfẹ Àtiniwá – a escolha de seu caminho na Terra em contrapartida com Kàdárà – a escolha de seu destino no Céu. Para cada escolha que fazemos na vida sempre existirá uma consequência, seja ela boa ou ruim. É como a lei da ação e reação. Para cada escolha (ação) uma consequência (reação). É a Lei da Vida. Para um melhor entendimento, vejamos a seguinte explicação, do Homem e a escolha do destino:

Dentro da filosofia de nossa religião, todas as ações do Homem nesse mundo, são predestinadas por Olódùmarè, determinadas de três formas ritualísticas e presenciadas por Ọrúnmìlà – A Testemunha do Destino.

  • Primeiro, ajoelha-se perante Olódùmarè e escolhe o seu destino. Esse ato é denominado de Àkùnlẹ yàn – Aquele que se ajoelha e escolhe. Após esse, o indivíduo se levanta e curva-se perante o Deus Supremo.
  • Segundo, ajoelha-se novamente e recebe o seu destino, que é denominado de Àkùnlẹ gbà – Aquele que se ajoelha e recebe. Novamente, se levanta e curva-se.
  • O Terceiro e ultimo ato, ajoelha-se e o destino lhe é fixado, ou seja, determinado. Essa forma é denominada de À yàn mọ – Aquele que escolhe e determina o destino de alguém. Então a pessoa se levanta e inicia a sua caminhada para o mundo terreno, com seu destino duplamente selado.

O que quer que Olódùmarè lhe tenha confiado por sua livre escolha e não induzido, é inalterável e se forma parte integrante da pessoa para o resto de sua jornada de vida na Terra.

Como disse anteriormente, todo esse ritual é “assistido” por Ọrúnmìlà, que se torna testemunha do que se está sendo determinado. Por essa razão as nuances deste destino podem ser acompanhadas, pelo Oráculo Sagrado de Ọrúnmìlà-Ifá e com a possibilidade de reajustar através do subterfúgios das oferendas e sacrifícios, aquilo que se encontra em dissonância com o que foi determinado.

Para a filosofia, o livre arbítrio tem origem no "determinismo", que defende que todos os acontecimentos são causados por fatos anteriores. Para a ciência da filosofia, o indivíduo faz exatamente aquilo que tinha de fazer, seus atos são inerentes a sua vontade, e ocorrem com a força de outras causas, internas ou externas.

Nosso destino realmente depende de nossas escolhas? Temos o destino que merecemos? O nosso destino está de acordo com nossos méritos? Viver livremente sem culpas é a primeira coisa que o homem deve procurar fazer se quiser realmente ser dono do seu destino? Ainda há muito o que pensar e rever conceitos, que a séculos intriga a religiosos, filósofos e pensadores.


Baba Guido Olo Ajaguna

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