Antigamente
no mês de agosto, esperávamos ansiosamente a visita de Ọbalùàiyé
em nosso Terreiro de Candomblé, ou seja, a chegada do ṣagbejẹ.
Hoje raramente presenciamos esse rito e costume perdido no tempo.
Descrevo um pequeno resumo de uma cerimônia da qual considero
extinta ou quase que extinta.
O
DIA DO ṢAGBEJẸ
Cerimônia
afro-brasileira, onde as mulheres em um tabuleiro forrado com
milho-alho estourados, das quais elas denominam de “flor do velho”,
carregam o principal emblema de Ọbalùàiyé
o Ṣaṣara-ọwọ
seus colares de conta, terra cota, corais e búzios. Este
“tabuleiro” a representação mítica desta divindade, visita
sete Terreiros diferentes durante os sete dias que antecedem os Ritos
do Olùbàjẹ.
Ao chegar a cada Terreiro, este será recebido ritualisticamente onde
serão entoadas orações e rezas à Ọbalùàiyé
e Nàná. Durante este ritual, será depositado aos pés
do tabuleiro, senão aos próprios pés de Ọbalùàiyé
grãos e uma quantia em dinheiro que serão de uso exclusivo nas
despesas do Olùbàjẹ.
Cada membro do Terreiro receberá uma porção de gbùgbùrù
(pipoca) e desta saberá como proceder.
Interessante
notar que a palavra ṣagbe
– significa pedir esmola e a palavra jẹ
– comer; então a palavra ṣagbejẹ
poderia perfeitamente ser interpretada como “pedir
esmolas para comer”. Obviamente que não podemos
levar a palavra “esmola” num sentido pejorativo e sim entender
que há uma troca entre o homem e a divindade. Troca esta que ao
darmos grãos e dinheiro para comprar “comida” para “O senhor
da terra” este nos dá um de seus principais grãos que nutrem o
homem – o milho. Os antigos dizem que aqueles que participam do
terão vida próspera e nunca há de faltar comida em casa, pelo
menos os grãos.
Quando
da Cerimônia do Olùbàjé este “tabuleiro”
será apresentado no salão, carregado por Ọya,
onde será distribuído uma porção de gbùgbùrù e muitos
que recebem o milho, em gratidão acabam por depositar algumas
quantias em dinheiro sobre os grãos. Em algumas linhagens o ṣagbejẹ
sai antes da “mesa” e em outras depois da “mesa”.
Por
favor não confundam o ṣagbejẹ
com aquelas pessoas vestidas de baiana que ficam com uma peneira em
pleno sol do meio dia, distribuindo milho de pipoca americano e
arrecadando dinheiro. Este tipo de procedimento nada tem haver com a
nossa ritualística.
Um
forte abraço a todos
Baba
Guido Olo Ajaguna
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