Os
mitos relatam que existiam três anciãs conhecidas pelos nomes de
Ìyá Apáòka,
Ìyá Mepere
e Ìyá Bokolo,
que habitavam,
muito antes da fundação da Cidade de Ketu, uma cova
localizada nas profundas raízes do imenso Òpó
Mẹ́ta
Ọ̀gàwó,
ou seja, três robustos troncos de mogno africano, uma árvore
africana da espécie Khaya
grandifoliola
da família das Meliaceae. Importante ressaltar que essas três
Divindades foram de grande importância para a fundação da Cidade
de Ketu.
Quando
os descendentes da Cidade de Ketu chegaram ao Brasil, teriam que
“acomodar” os fundamentos de Ìyá
Apáòka,
e assim fora obrigados a substituir o tradicional mogno africano,
pela Jaqueira,
uma árvore de origem asiática, da espécie Artocarpus
intergrifolia
da família das Moraceae, do qual foi introduzida no Brasil em meados
do Século XVIII.
O
porte da Jaqueira e a semelhança de suas folhas com o mogno
africano,
foram de fundamental importância para a efetiva substituição. Os
antigos descendentes de escravos, lhe deram o nome de Tapónurin
onde mais
tarde passou a ser chamada apenas de Apáòka,
em razão de ser a morada de uma divindade do mesmo nome, perdendo-se
assim o seu antigo nome. Quanto ao culto à Ìyá
Mepere
e Ìyá
Bokolo,
nem sequer atravessaram o Atlântico!
O
intuito desse “post” é ressaltar que várias espécies de
árvores nativas do Continente Africano foram substituídas por
espécies que aqui no Novo Mundo já existiam quando os Nagôs
chegaram. De certo que muitas outras espécies foram trazidas por
esse povo, sendo que poucas se adaptaram.
“Seja
nas raízes de um mogno africano ou de uma Jaqueira, Ela sempre será
a mesma Divindade, a nossa Grande Mãe Ìyá
Apáòka”.
Vamos acabar com essa “bobagem” de africanos e neo-africanos que
criticam o culto de uma de nossas mais importantes divindades dentro
do candomblé afro-brasileiro, dizendo que esse ou aquele Òrìṣà
só pode ser cultuado em árvores africanas. “Vocês que são
africanos da nova geração, quando chegaram aqui em MEU país, já
encontram o culto que seus próprios antepassados aqui deixaram”.
Voltem para o seu continente e preste seu culto à Ìyá
Apáòka
aos pés de um mogno africano, se é que ainda exista esse culto em
seu país de origem, do qual eu muito duvido.
De
volta ao assunto desse “post”, em meu entendimento, se Ìyá
Apáòka
não deseja-se ser cultuada em um pé de Jaqueira, ela não teria
saído de seu território de origem e muito menos atravessado a
imensidão do oceano; e se o fizesse teria de imediato retornado ao
território iorubá. De uma coisa eu tenho certeza plena e absoluta:
“Ela
ainda está e sempre estará entre os filhos da Nação de Ketu”...
Ìyá
mi O! Ìyá Nbanba! Ìyá Mọ! Ìyá Ọ̀dẹ́! Iba O!”
Baba
Guido Olo Ajagùnà
Bem esclarecedor,sua explicação motumba e axé obrigado.
ResponderExcluirBem esclarecedor,sua explicação motumba e axé obrigado.
ResponderExcluirMuito obrigada, interessantíssimo! O senhor acha que alguém que tem uma jaqueira em sua casa poderia fazer um patuá para conseguir a proteção de Ìyá Apáòka?
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