segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Ìyá Apáòka do Mogno africano no Velho Mundo para a Jaqueira no Novo Mundo...

Os mitos relatam que existiam três anciãs conhecidas pelos nomes de Ìyá Apáòka, Ìyá Mepere e Ìyá Bokolo, que habitavam, muito antes da fundação da Cidade de Ketu, uma cova localizada nas profundas raízes do imenso Òpó Mẹ́ta Ọ̀gàwó, ou seja, três robustos troncos de mogno africano, uma árvore africana da espécie Khaya grandifoliola da família das Meliaceae. Importante ressaltar que essas três Divindades foram de grande importância para a fundação da Cidade de Ketu.

Quando os descendentes da Cidade de Ketu chegaram ao Brasil, teriam que “acomodar” os fundamentos de Ìyá Apáòka, e assim fora obrigados a substituir o tradicional mogno africano, pela Jaqueira, uma árvore de origem asiática, da espécie Artocarpus intergrifolia da família das Moraceae, do qual foi introduzida no Brasil em meados do Século XVIII.

O porte da Jaqueira e a semelhança de suas folhas com o mogno africano, foram de fundamental importância para a efetiva substituição. Os antigos descendentes de escravos, lhe deram o nome de Tapónurin onde mais tarde passou a ser chamada apenas de Apáòka, em razão de ser a morada de uma divindade do mesmo nome, perdendo-se assim o seu antigo nome. Quanto ao culto à Ìyá Mepere e Ìyá Bokolo, nem sequer atravessaram o Atlântico!

O intuito desse “post” é ressaltar que várias espécies de árvores nativas do Continente Africano foram substituídas por espécies que aqui no Novo Mundo já existiam quando os Nagôs chegaram. De certo que muitas outras espécies foram trazidas por esse povo, sendo que poucas se adaptaram.

Seja nas raízes de um mogno africano ou de uma Jaqueira, Ela sempre será a mesma Divindade, a nossa Grande Mãe Ìyá Apáòka”. Vamos acabar com essa “bobagem” de africanos e neo-africanos que criticam o culto de uma de nossas mais importantes divindades dentro do candomblé afro-brasileiro, dizendo que esse ou aquele Òrìṣà só pode ser cultuado em árvores africanas. “Vocês que são africanos da nova geração, quando chegaram aqui em MEU país, já encontram o culto que seus próprios antepassados aqui deixaram”. Voltem para o seu continente e preste seu culto à Ìyá Apáòka aos pés de um mogno africano, se é que ainda exista esse culto em seu país de origem, do qual eu muito duvido.

De volta ao assunto desse “post”, em meu entendimento, se Ìyá Apáòka não deseja-se ser cultuada em um pé de Jaqueira, ela não teria saído de seu território de origem e muito menos atravessado a imensidão do oceano; e se o fizesse teria de imediato retornado ao território iorubá. De uma coisa eu tenho certeza plena e absoluta:

Ela ainda está e sempre estará entre os filhos da Nação de Ketu”... Ìyá mi O! Ìyá Nbanba! Ìyá Mọ! Ìyá Ọ̀dẹ́! Iba O!

Baba Guido Olo Ajagùnà


3 comentários:

  1. Bem esclarecedor,sua explicação motumba e axé obrigado.

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  2. Bem esclarecedor,sua explicação motumba e axé obrigado.

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  3. Muito obrigada, interessantíssimo! O senhor acha que alguém que tem uma jaqueira em sua casa poderia fazer um patuá para conseguir a proteção de Ìyá Apáòka?

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