Aos homens que se iniciam nos mistérios do Culto à Ọ̀sányìn e juram
lealdade e fidelidade à Divindade das Folhas, são denominamos de Ọmọ̀sányìn,
Olọ̀sányìn ou Bàbálòsányín.
São os sumos sacerdotes de Ọ̀sányìn, mas nem sempre Ọ̀sányìn Olùwa Ewé
seja seu Orixá Tutelar. Ao Babalawo estão a árdua tarefa de entregar-lhes seus
fundamentos, sobre tudo um objeto de suma importância denominado de Oniṣẹ
Ọ̀sányìn – uma espécie de amuleto, que nada poderá realizar sem este misterioso
objeto.
Raros são aqueles que ostentam esse magnífico título, não por
incompetência ou irresponsabilidade, mas sim pelos anos a fio de um longo
período de dedicação e um complexo aprendizado. Deverão aprender o nome ioruba
de cada planta, suas substitutas, suas qualidades terapêuticas e mágicas, suas
classificações entre os quatro elementos da natureza, à que Odú ou mesmo Òrìṣà
estão relacionadas; sem deixar de mencionar os encantamentos de suma
importância para ativar as “forças mágicas” requeridas para os distintos fins.
A este encantamento damos o nome de Ọfọ̀ que dentro deste está inserido o verbo
atuante cuja a função é viabilizar as potencialidades latentes dos vegetais e
as cantigas de folhas, denominadas de Ãsà Ọ̀sányìn ou simplesmente Sàsányìn,
que igualmente ativam o poder mágico e terapêutico da espécie nominada.
Devem conhecer a maior parte dos Segredos de Ọ̀sányìn, denominados de
iyẹ ou iṣe, estes preparados a base de animais, vegetais e minerais, que depois
de secos ora ao sol, ora ao calor do fogo, são pulverizados.
Também devem conhecer os “tributos” a serem pagos à Ọ̀sányìn para que as
ervas colhidas não percam o seu àṣẹ; por isso é comum levar as matas moedas,
tabaco, aguardente, melado de cana, mel de abelha, acaçá, obì, entre outras
oferendas. Ademais, solicitam seu consentimento para colher as folhas e lhe
explicam claramente os motivos de sua visita à floresta.
“As folhas tem suas maiores forças e boas virtudes ao romper da aurora,
na madrugada, antes que Ọlọ́run desperte. De noite, as folhas dormem e não
devemos despertá-las, porque a folha descansa em paz e se arrancada durante a
noite de seu leito, a folha se zanga, não faz efeito e não cumpre com seu
objetivo. Conhecer as folhas coringas, ou melhor, as folhas que antes do meio
dia pertencem a uma Divindade e após o meio dia pertencem a outra, é de suma
importância para o Olọ̀sányìn.”
Em algumas linhagens, as mulheres são vedadas em realizar a maior partes
das cerimônias destinadas à Ọ̀sányìn, sobretudo em seu ciclo menstrual. Quando
cessar por definitivo este ciclo fisiológico, ou seja, entrar no período da
menopausa, a mulher tudo poderá fazer para o Senhor das Folhas.
Conhecedor das virtudes das ervas, a pratica do Olọ̀sányìn está
intimamente associada a do Babalawo, porém as transformação ocorridas a nível
das relações de poder o trouxeram, primeiro, para a esfera de uma só comunidade
e a seguir colocaram-no para fora, na sociedade abrangente sob a forma, às
vezes de mateiro ou simplesmente vendedor de ervas, muitas vezes, sem vínculo
estreito com algum Terreiro de Candomblé em especial, e sem sustentar este
título.
Em vários Terreiros de Candomblé, esta função é desempenhada pelo
próprio Baba ou Iyalòrìṣà ou algum Ẹ̀gbọ́n, da Casa de Candomblé. Na maior
parte da vezes as folhas são compradas em feiras livres ou mercados públicos.
Tenho o devido conhecimento de um “comerciante de folhas” que em seu
modesto box, mas rico em folhas, mantem na entrada de seu estabelecimento
comercial, um assentamento de Ọ̀sányìn e nos garante que suas folhas são
colhidas de acordo com os ensinamentos de seus iniciadores.
Em poder dos Sacerdotes de Ọ̀sányìn está o poder de curar ou matar, por
meios de preparos a base de ervas, juntamente com os Segredos de Ọ̀sányìn.
Utilizar deste saber para trabalhos benéficos ou maléficos é uma opção. Mas
lembrando que durante a Cerimônia de Juramento menciona-se o fato daqueles que
utilizam-se das faculdades botânicas e mágicas para se beneficiar do mal,
carecem de desenvolvimento espiritual. Sem dúvida alguma, estes terão que
defrontar com as consequências de seus atos nesse misterioso mundo religioso.
Baba Guido Olo Ajagúnà
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