sábado, 25 de julho de 2015

“mo foribalẹ” O ato de colocar a cabeça no chão em nossa religião

Foribalẹ é um ato de saudação e veneração, dada diretamente para um Òrìṣà ou a um Baba ou Ìyálòrìṣà. Esta saudação pode ser feita por qualquer pessoa iniciada e consagrada até um simples simpatizantes de nossa religião. A palavra Foribalẹ está averbada nos Dicionários Yorubá – Português como um verbo transitivo que significa venerar, adorar. Literalmente o referido termo significa "colocar a cabeça no chão". Esse ritual também é conhecido pelo nome de Fori(ọ)kànbalẹ, que literalmente significa “colocar a cabeça e o coração no chão”. Isto refere-se ao ato de prostrar-se diante das divindades, de pessoas que de certa forma participaram de seus ritos iniciáticos e do próprio sagrado.

Também pode se realizar o ato do Foribalẹ a qualquer ancião, denotando respeito a sua antiguidade e aos seus “anos de santo”. Durante esta saudação o Baba ou a Ìyá tocará o solo e a cabeça daquele que prostra-se diante dele, autorizando dessa forma que se levante e em seguida lhe dará a sua bênção dos Òrìṣà para a pessoa abençoando-os.

Existem duas maneira de se realizar o Foribalẹ. Um denominado de Dọbalẹ destinado as ìyáwò que foram inciadas aos Òrìṣà cuja a essência é masculina e Yíka para os de essência feminina. Esse último ainda se divide em dois grupos; o grupo de Òṣun, Yemọja e Nãnã e o grupo de Yewa, Oba e Oya. Enquanto as divindades masculinas procedem sempre da mesma maneira.

Em algumas linhagens, aquele que pertence a Òrìànlá, somente realiza o Foribalẹ para com aquele que lhe inciou e o consagrou dentro dos mistérios do culto. Para os demais que lhe deve seu respeito, apenas se ajoelha a sua frente e com a cabeça virada para baixo, tocará o solo e a sua própria cabeça por três vezes e pedirá a benção. Esse ato é denominado de Kúnlẹ-dojúde, literalmente “ajoelhar-se com os olhos em direção ao solo”.

Importante ressaltar que na maioria dos Terreiros Tradicionais de Salvador no Estado da Bahia, os Òrìṣà não realizam o referido ato, somente “atira-se ao chão” sem colocar a cabeça, independente do Grau Sacerdotal ou status da pessoa a qual se saúda. Desta forma, somente “deita no chão” saudando o Òrìṣà Tutelar da cabeça dessa pessoa e não o Ser Humano propriamente dito. Se a pessoa estiver sentada, se levantará e receberá um abraço do Òrìṣà.

Sempre que há uma cerimônia, antes de principiar os ritos, todos devem prestar seu Foribalẹ ao sagrado, ou seja, ao santuário das dividades, denominados de Pèpéle. Em seguida presta-se reverencia ao Baba ou Ìyá e a seguir saúdam-se todo o corpo sacerdotal presente na ordem de antiguidade dentro do Terreiro. Esse mesmo procedimento se realiza quando chegamos a Casa de Candomblé.

Muito tem se perdido na atualidade o Rito do Foribalẹ. Na maior partes da vezes os membros de um Terreiro, chegam, não se purificam com banhos de ervas antes de se trocarem, descartam as saudações as Divindades Primordiais da Casa, “male mal” saúdam o Corpo Sacerdotal, assim como seus irmãos e irmãs da comunidade.


Baba Guido Olo Ajaguna.

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