A
CERIMONIA DE LAVAGEM DAS CONTAS
Durante
os ritos preparatórios que antecedem a cerimonia do iborí
de um abiã, será confeccionado um colar de miçangas
brancas, conhecido entre o povo de santo pelo nome de fio de contas e
denominado na língua iorubá pelo termo ìlekè.
As contas de porcelana, depois de enfiadas em fio de algodão virgem,
são imersas em uma mistura de águas e folhas de Òsàlá
piladas ou maceradas a mão, associadas a alguns outros ingredientes.
Esse fio de conta representará o Òrìsà
Ajalá – aquele que criou todas as cabeças e o próprio
Òrìsànlá – o
criador de todos os corpos, pois se os pés sustentam o corpo por sua
vez sustenta a cabeça.
Após
a cerimonia do borí e for determinado a Divindade
Tutelar do abiã, será confeccionado um outro fio
de conta nas cores correspondente, lavado com folhas e substancias
que estejam ligadas ao seu Òrìsà.
Em alguns casos, dos quais não são raros, um animal deverá ser
oferecido ao Òrìsà
e seu respectivo ìlekè
deverá permanecer por três dias dentro do assentamento.
“A
cerimônia da lavagem das contas”, é por assim dizer, a inserção
do neófito no universo mítico e místico do candomblé. Não
se trata de um simples adorno e sim uma marca da Òrìsà Tutelar
daquele que o ostenta. Uma fonte de energia que irá proteger aquele
que o usa, da mesma forma que o faz um amuleto. Uma identificação
que remete o indivíduo ao seu lugar na comunidade do Terreiro.
Hoje
em dia, é costume notar uma única pessoa usando vários ìlekè de vários Òrìsà. Importante ressaltar que o fio de conta,
seja lá qual for que não tenha se submetido a uma sacralização,
não passa de um simples adorno, pois encontra-se fora do contexto
religioso.
Baba
Guido Olo Ajaguna
0 comentários:
Postar um comentário