domingo, 6 de setembro de 2015

Mo Júbà gbogbo Babalàwo Òtitọ́ Àiyé

Apresento os meus humildes respeitos aos verdadeiros Babalàwo desse mundo”

O título desse “post” pode parecer estranho aos olhos de muitos iniciados e consagrados no Culto à Baba Òrúnmilà-Ifá, quanto ao termo “verdadeiro”. Não tenho a intenção alguma de ofender quem quer que seja, pois isso não faz parte da minha índole.

Denomino de verdadeiro, o Sacerdote de Ifá que tenha Ìwa Pẹ̀lẹ́ – O Bom Caráter, e não aquele que fica denegrindo a imagem de outros sacerdotes de seu próprio culto e muito menos sacerdotes e sacerdotisas do Culto aos Òrìṣà, dizendo que não podemos “fazer isso ou aquilo”. Sem mencionar aqueles que agem de maneira idêntica aos Evangélicos, ou seja, “Arrebanhar as Ovelhas”, sem a menor preocupação se o indivíduo será um escolhido de Baba Òrúnmilà.

Não podemos esquecer o fato de que, no principio do Candomblé Afro Brasileiro, especificamente a partir do Terreiro da Barroquinha, existia a presença de grandes Babalàwos africanos e que deixaram seus descendentes na Bahia e no Pernambuco. Desde então entre as celebres Ìyálòrìṣà e Babalòrìṣà da época se fizeram presentes, Martiniano Eliseu do Bonfim, Rodolfo Martins de Andrade, Manuel Rodolfo Martins, Tio Joaquim, Tio Faustino Dada Adengi, Tio Benzinho, Tio Agostinho, Tio Beneditino, Tio Joaquim do Egba entre outros.
Depois do falecimento de todos os Babalàwo, o Candomblé da Bahia ficou um período sem a presença dos Sacerdotes de Ifá, onde somente a partir da década de 90, com a vinda de Babalàwo africanos e cubanos, houve o renascimento do Culto de Ifá no Brasil. Não posso deixar de mencionar que entre eles estavam também os impostores de Ifá africanos e cubanos.

Durante o período dessa “lastimável ausência” da figura do Babalàwo, nosso Culto Lsẹ̀ Òrìà continuou sobrevivendo da mesma forma. Se a presença do Babalàwo fosse de suma importância e indispensável em nosso culto, o candomblé afro brasileiro deveria ter acabado junto com os Sacerdote de Ifá, o que de fato não ocorreu.

O Verdadeiro Baba e Ìyálòrìà, sabe perfeitamente seus limites dentro do culto; mas não é porque nós deixamos de “riscar e rezar Odù no ìyẹ́ròsùn” para que esse sagrado pó seja adicionado a certos àṣẹ, justifique o fato de sermos criticados e dizer que isso e aquilo esteja errado ou que isso e aquilo não existe. Ninguém tem o direito de nos dizer que aquela iniciação da qual não foi “sacado o Odù do ìyáwò” não tem validade alguma ou tenha que o fazer para que a consagração, as vezes “tão sacrificada e dolorosa” se faça completa. A ausência de um Ọba Eni Oriatẹ durante os ritos iniciáticos não se permite dizer que o noviço foi “bem feito ou mal feito”, entre tantos outros absurdos ditos e escritos, do qual fico a inteira disposição de “quem quer que seja” para um futuro debate sem limites, presencial ou virtual, desde que seja de maneira civilizada, catedrática, acadêmica e com bases fundamentadas; caso contrário não perca o seu tempo, para que eu não perca o meu mais valioso pouco tempo que disponho para as redes sociais.

Aqueles que me conhecem de verdade, sabe que me dedico profundamente aos estudos de Ifá e que há mais de 20 anos tenho a intenção de me iniciar e consagrar-se no Culto de Òrúnmilà-Ifá, mas até o presente momento, não senti a verdadeira confiança em absolutamente ninguém, seja ele Babalàwo africano, brasileiro ou cubano.

Talvez ainda não seja o momento exato para tal façanha, ou ainda não seja o tempo certo determinado por Baba Òrúnmilà. Mas tenham certeza de que se um dia me inciar em Ifá, não farei parte dessa “laia suja e imunda” que tentam de qualquer forma denegrir a imagem dos Sacerdotes de Òrìà dentro do afro brasileiro. Nós tratem com mais respeitos, pois o meu respeito vai acabar onde a sua ignorância começar!!!

Um fraterno abraço aos verdadeiros Babalàwo.

Baba Guido Olo Ajagùnà
(m Òrìà afro brasileiro com muito orgulho)

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