Meu
empenho nesse new post é de melhor esclarecer e
debater o que já se julga saber por ser de domínio mais ou menos
público, entre o povo de santo,
sobre uma das cerimônias que precedem os “Ritos
de Iniciação e Consagração de um Neófito”, preservando
na esfera do silêncio os fundamentos do Panãn.
Trata-se
de uma cerimonia comunitária de carácter fundamentalmente
religioso, organizado e dirigido pelo Corpo Sacerdotal do Terreiro, e
que marca a transição de um indivíduo de um status
institucionalizado para outro, ou seja, a reintegração do recém
iniciado à sociedade da qual faz parte integrante. Em uma colocação
mui particular, o denomino de "Voltar ao estado de consciência
e à vida normal".
Não
posso deixar de mencionar que, normalmente, os ritos de transição
eram praticados em sociedades tradicionais, organizadas em classes ou
grupos etários. Nesses "ritos de passagem", praticados em
festas e em cerimônias simbólicas, os indivíduos eram retirados da
sua situação anterior, considerada menor, para, através de uma
prova real ou simbólica, "nascerem" para um novo status,
considerado superior.
Nesta
cerimônia, são realizadas as “quebras dos interditos” da
ìyáwòrìṣà,
seguindo da sua reinserção nas tarefas cotidiana do dia a dia.
“reaprendizagem das
atividades quotidianas”, além de “cozinhar, lavar roupa, usar o
pilão, limpar o peixe, fazer compras na feira, cuidar de sua
toilette, simular o ato sexual, o parto, ninar uma boneca, passear
pela cidade ao braço do marido, escovar as roupas deste ao voltar
para casa, fumar, ouvir rádio, assistir televisão e até mesmo
reaprender a sua profissão.
Uma
de suas etapas consiste em se manifestar a representação de um
antigo Mercado de Escravos, onde os ìyáwòrìṣà
são apresentados por seus atributos “físicos e psíquicos”,
dando inicio a um grande leilão das “peças
humanas” como
acontecia no período da escravidão, apesar do clima ser ameno e
repleto de uma conotação cordial e alegre.
Há
quem diga que essa cerimônia não passa de um “pequeno espetáculo”
de uma “brincadeira de iaô”, que não tem fundamento algum
dentro da liturgia afro brasileira.
Baba
Guido Olo Ajagùnà.
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