sábado, 12 de setembro de 2015

PANÃN – Um Rito de Transição em Vias de Extinção.

Meu empenho nesse new post é de melhor esclarecer e debater o que já se julga saber por ser de domínio mais ou menos público, entre o povo de santo, sobre uma das cerimônias que precedem os “Ritos de Iniciação e Consagração de um Neófito”, preservando na esfera do silêncio os fundamentos do Panãn.

Trata-se de uma cerimonia comunitária de carácter fundamentalmente religioso, organizado e dirigido pelo Corpo Sacerdotal do Terreiro, e que marca a transição de um indivíduo de um status institucionalizado para outro, ou seja, a reintegração do recém iniciado à sociedade da qual faz parte integrante. Em uma colocação mui particular, o denomino de "Voltar ao estado de consciência e à vida normal".

Não posso deixar de mencionar que, normalmente, os ritos de transição eram praticados em sociedades tradicionais, organizadas em classes ou grupos etários. Nesses "ritos de passagem", praticados em festas e em cerimônias simbólicas, os indivíduos eram retirados da sua situação anterior, considerada menor, para, através de uma prova real ou simbólica, "nascerem" para um novo status, considerado superior.

Nesta cerimônia, são realizadas as “quebras dos interditos” da ìyáwòrìṣà, seguindo da sua reinserção nas tarefas cotidiana do dia a dia. “reaprendizagem das atividades quotidianas”, além de “cozinhar, lavar roupa, usar o pilão, limpar o peixe, fazer compras na feira, cuidar de sua toilette, simular o ato sexual, o parto, ninar uma boneca, passear pela cidade ao braço do marido, escovar as roupas deste ao voltar para casa, fumar, ouvir rádio, assistir televisão e até mesmo reaprender a sua profissão.

Uma de suas etapas consiste em se manifestar a representação de um antigo Mercado de Escravos, onde os ìyáwòrìṣà são apresentados por seus atributos “físicos e psíquicos”, dando inicio a um grande leilão das “peças humanas” como acontecia no período da escravidão, apesar do clima ser ameno e repleto de uma conotação cordial e alegre.

Há quem diga que essa cerimônia não passa de um “pequeno espetáculo” de uma “brincadeira de iaô”, que não tem fundamento algum dentro da liturgia afro brasileira.


Baba Guido Olo Ajagùnà.

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