quinta-feira, 28 de maio de 2015

O CONCEITO DO BEM E DO MAL


O CONCEITO DO BEM E DO MAL


Aquele que faz o bem, 
faz o bem a si mesmo.
Aquele que faz o mal, 
faz o Mal a si mesmo.
A virtude de se fazer o bem, 

tem sua recompensa benéfica,
e a má, sua consequência maléfica.
Mas se a consciência de alguém é pura e clara,
a “mosca” enviada com a intenção de  se fazer o mal,
não obterá exito em o fazê-lo.


Entendo que o Conceito de Bem e Mal, está inserido na Concepção Filosófica de Moral em nossa religião. Entretanto, referidos conceitos tem seu entendimento equivocado entre os povos-de-santo no Novo Mundo, pois esta noção de Bem e Mal  tem sua fundamentação no sistema Filosófico e Teológico do Cristianismo. Fato este comprova, por estarmos no ocidente, onde tal conceito se encontra fortemente influenciado pelo Catolicismo e o Sincretismo Religioso. Não posso aqui deixar de mencionar que na Afrike Noire não existe O Conceito de Bem e Mal que existe em outras religiões e sim um conceito que auto denomino de Positivo vs. Negativo.

Uma das inúmeras manifestações de energias denominadas de Àse força mítica emanada por ÒlódùmaréO Deus Supremo dos Iorubás, outorgada as Divindades de nosso panteão, tem referencia comparativa com as características de Tolerância vs. Intolerância que possuem todos os Seres Humanos. São virtudes  das quais podem transmutar em ambos os aspectos, seja de forma positiva ou negativa, em uma verdadeira manifestação transmutável. Assim sendo, entendo que em nosso panteão não existe Divindades Boas ou Ruins, pois a bondade e a maldade esta inserida no interior de cada Ser.

Fazemos um retrospecto em nossas vidas e que em algum momento indagamos a nós mesmo: “Deus porque permites que esse Mal cairá sobre mim ?”  Uma das questões mais difíceis para qualquer religioso responder com clareza, seja de nossa ou de qualquer religião existentes nesse mundo. Responder baseando-se no agnosticismo certamente, não é a solução para esse enigmático mistério, pelo menos em minha opinião e particularmente, penso que mesmo havendo muita maldade nesse Mundo de meu Deus, existem muitas coisas boas. Procuro focar apenas o lado Bom do Criador e de suas Divindades, mesmo que nesse “exato momento” Eles permitam que provações e sofrimentos entrem em minha vida. Sempre digo aos meus seguidores que “o sofrimento insere o Homem na vida mística e religiosa”.

Ao analisarmos profundamente A Concepção de Àse a mais poderosa das energias em nossa religião, essa analise nos revela que trata-se de uma “energia pura” e encontra-se em estado de inércia no mundo espiritual – o òrun. Para agir, precisa ser manipulada ritualisticamente, e se considerarmos como energia pura, poderemos transformá-la em energia positiva ou negativa. O que vai transformá-la em força positiva ou negativa, depende unicamente dos “ingredientes” utilizados durante o preparo, e acima de tudo aquilo que se pensa, se fala e se deseja almejar. Essa energia pronta para ser utilizada, poderá ser transferida a objetos, locais, animais ou  pessoas.

Não posso deixar de mencionar que as Àjé (bruxas) e os Osó (feiticeiros) que utilizam do Àse para fins maléficos, no qual dentro da Filosofia de Ifá esta classificado como um dos mais graves tabu, onde o simples pensamento é um feito abominável entre os povos de etnia Iorubá. Sabe-se que aquele individuo que perde seu precioso tempo fazendo trabalhos maléficos em seus mais variados níveis de força, seja por vingança ou simplesmente com intuito financeiro, esta se privando do desenvolvimento espiritual e consequentemente causando  sua própria desarmonia espiritual, em outras palavras, quanto mais se volta ao lado negro da força, mais se afasta da luz da verdade. Uma vez detentor dessa poderosa energia, terá o Livre Arbítrio de usá-la da maneira que lhe for mais conveniente, seja para fazer o bem ou o mal ao seu semelhante.


Aquele que por sua vez encontra-se em harmonia com o mundo espiritual e material, sobretudo com seu Orí, - Divindade que reside na Cabeça Interior, dificilmente será atingido pelas forças maléficas; não que esse individuo seja imune aos mais diversos Caminhos do Mal, mas aquele inimigo, seja oculto ou declarado que pretende-lhe prejudicar, terá que desdobrar seus esforços para obter exito em sua investida. Ademas, sempre digo que a verdadeira feitiçaria tem que ser sob encomenda e sob medida, porque sempre digo: “O feitiço que derruba Chico não derruba Francisco”. De forma mais clara e objetiva antes das Àjé ou Osó atacarem, ambos se preparam, necessitam saber o “caminho” em que suas “vitimas” se encontram e encontram-se mais vulneráveis, para assim poderem atacá-las. Da mesma maneira ocorrerá com os espíritos ou energias maléficas,  que ao encontrarem um individuo em plena harmonia com sua  espiritualidade, terá que enfrentar seus Guardiões e Protetores Divinos

Lembrando que aquele que se sinta influenciado por energias maléficas nos quatro níveis de compreensão, ou seja, na Percepção, na Aproximação, no Contato e no Envolvimento, deve de imediato  consultar o oráculo, afim de obter o “antidoto”, se assim for necessário, para sanar o “veneno” da feitiçaria, e em conjunto com a harmonia espiritual, obterá  força física, mental e espiritual para vencer a essa força nefasta. O sofrimento, seja  cometido pela feitiçaria, por espíritos ou energias maléficas, quando enfrentado com coragem e resignação, torna-se fator importante do aperfeiçoamento espiritual. Recordemos que não basta apenas a coragem para enfrentar os obstáculos da vida necessitamos também do estímulo místico, ou seja, da religião.

Nem todo os aspectos do mal são proveniente de feitiços ou espíritos  ruins. Um individuo perturbado em seus pensamentos negativos, poderá facilmente atrair energias negativas, assim como qualquer pessoa pode convidar o mal ou energias negativas, adentrar sua casa. Essas energias se alojam nos batentes das portas de entrada da casa, a espera de um chamado ou de uma oportunidade para invadir o local. Esse é o motivo que em muitos dos ebooferendas e sacrifícios destinados a “limpar a casa”, passamos determinados ingredientes no batente da porta principal para depois serem despachados; assim como esse é um dos motivos que os recém iniciados rodopiam ao passar pelas portas.

Para uma melhor compreensão sobre a Concepção de Bem e Mal dentro do Conceito Filosófico  e Religioso, é necessário e obrigatória, se assim posso me expressar, possuir uma sabedoria implícita e  profunda sobre uma das mais importantes e indispensáveis virtudes dos códigos encerrados no Corpo  Literário e Doutrinário de Ifá, o Código do Bom Caráter denominado entre os Iorubás de Ìwà Pèlé, que sobrepassa qualquer visão filosófica nesse mundo, e ainda afirmo trans ponhe qualquer outra visão filosófica no planeta, porque essa visão Filosófica de Ifá é absolutamente única. Aquele que possui conhecimento, entendimento e sabedoria sobre o Ìwà Pèlé tem em seu Eu Interior a consciência dos efeitos que causam o ato de maldade e perversidade para com seus semelhantes, e aquilo que não precisamos neste texto é citar os efeitos Ação vs. Reação,  a tradicional Lei do Retorno e a Superioridade do Bem contra o Mal.


O Ìwà Pèlé merece um post ou um estudo a parte, pois falarmos de Irebondade, seria um tema de alegria e beneficio, porque se sabe que os Ire mantem o Ìwà em toda sua plenitude e nos conduz ao caminho em busca de uma sólida espiritualidade.

Baba Guido Oni Ajaguna

0 comentários:

Postar um comentário