O CONCEITO DO BEM E DO MAL
Aquele que faz o bem,
faz o bem a si mesmo.
Aquele que faz o mal,
faz o Mal a si mesmo.
A virtude de se fazer o bem,
tem sua recompensa benéfica,
e a má, sua consequência maléfica.
Mas se a consciência de alguém é pura e clara,
a “mosca” enviada com a intenção de se fazer o mal,
não obterá exito em o fazê-lo.
faz o bem a si mesmo.
faz o Mal a si mesmo.
tem sua recompensa benéfica,
Entendo que o Conceito de Bem e Mal, está inserido na Concepção
Filosófica de Moral em nossa religião. Entretanto, referidos conceitos tem
seu entendimento equivocado entre os povos-de-santo no Novo Mundo, pois
esta noção de Bem e Mal tem sua
fundamentação no sistema Filosófico e Teológico do Cristianismo. Fato
este comprova, por estarmos no ocidente, onde tal conceito se encontra
fortemente influenciado pelo Catolicismo e o Sincretismo Religioso.
Não posso aqui deixar de mencionar que na Afrike Noire não existe
O Conceito de Bem e Mal que existe em outras religiões e sim um conceito
que auto denomino de Positivo vs. Negativo.
Uma das inúmeras manifestações de energias denominadas de Àse
– força mítica emanada por Òlódùmaré – O
Deus Supremo dos Iorubás, outorgada as Divindades de nosso panteão, tem
referencia comparativa com as características de Tolerância vs. Intolerância
que possuem todos os Seres Humanos. São virtudes das quais podem transmutar em ambos os
aspectos, seja de forma positiva ou negativa, em uma verdadeira
manifestação transmutável. Assim sendo, entendo que em nosso panteão não existe
Divindades Boas ou Ruins, pois a bondade e a maldade esta
inserida no interior de cada Ser.
Fazemos um retrospecto em nossas vidas e que em algum momento
indagamos a nós mesmo: “Deus porque permites que esse Mal cairá sobre mim
?” Uma das questões mais difíceis
para qualquer religioso responder com clareza, seja de nossa ou de qualquer
religião existentes nesse mundo. Responder baseando-se no agnosticismo
certamente, não é a solução para esse enigmático mistério, pelo menos em minha
opinião e particularmente, penso que mesmo havendo muita maldade nesse Mundo
de meu Deus, existem muitas coisas boas. Procuro focar apenas o lado Bom
do Criador e de suas Divindades, mesmo que nesse “exato momento” Eles
permitam que provações e sofrimentos entrem em minha vida. Sempre digo aos meus
seguidores que “o sofrimento insere o Homem na vida mística e religiosa”.
Ao analisarmos profundamente A Concepção de Àse
a mais poderosa das energias em nossa religião, essa analise nos revela que
trata-se de uma “energia pura” e encontra-se em estado de inércia no
mundo espiritual – o òrun. Para agir, precisa ser
manipulada ritualisticamente, e se considerarmos como energia pura, poderemos
transformá-la em energia positiva ou negativa. O que vai transformá-la em força
positiva ou negativa, depende unicamente dos “ingredientes” utilizados durante o
preparo, e acima de tudo aquilo que se pensa, se fala e se deseja almejar. Essa
energia pronta para ser utilizada, poderá ser transferida a objetos, locais,
animais ou pessoas.
Não posso deixar de mencionar que as Àjé
(bruxas) e os Osó (feiticeiros) que utilizam do Àse
para fins maléficos, no qual dentro da Filosofia de Ifá
esta classificado como um dos mais graves tabu, onde o simples
pensamento é um feito abominável entre os povos de etnia Iorubá. Sabe-se que
aquele individuo que perde seu precioso tempo fazendo trabalhos maléficos
em seus mais variados níveis de força, seja por vingança ou simplesmente
com intuito financeiro, esta se privando do desenvolvimento espiritual e
consequentemente causando sua própria desarmonia
espiritual, em outras palavras, quanto mais se volta ao lado negro da
força, mais se afasta da luz da verdade. Uma vez detentor dessa
poderosa energia, terá o Livre Arbítrio de usá-la da maneira que lhe for
mais conveniente, seja para fazer o bem ou o mal ao seu semelhante.
Aquele que por sua vez encontra-se em harmonia com o mundo
espiritual e material, sobretudo com seu Orí, - Divindade
que reside na Cabeça Interior, dificilmente será atingido pelas forças maléficas;
não que esse individuo seja imune aos mais diversos Caminhos do Mal, mas
aquele inimigo, seja oculto ou declarado que pretende-lhe prejudicar, terá que
desdobrar seus esforços para obter exito em sua investida. Ademas, sempre digo
que a verdadeira feitiçaria tem que ser sob encomenda e sob medida,
porque sempre digo: “O feitiço que derruba Chico não derruba Francisco”. De
forma mais clara e objetiva antes das Àjé ou Osó
atacarem, ambos se preparam, necessitam saber o “caminho” em que suas “vitimas”
se encontram e encontram-se mais vulneráveis, para assim poderem atacá-las. Da
mesma maneira ocorrerá com os espíritos ou energias maléficas, que ao encontrarem um individuo em plena
harmonia com sua espiritualidade, terá
que enfrentar seus Guardiões e Protetores Divinos.
Lembrando que aquele que se sinta influenciado por energias
maléficas nos quatro níveis de compreensão, ou seja, na Percepção,
na Aproximação, no Contato e no Envolvimento,
deve de imediato consultar o oráculo,
afim de obter o “antidoto”, se assim for necessário, para sanar o “veneno”
da feitiçaria, e em conjunto com a harmonia espiritual, obterá força física, mental e espiritual para
vencer a essa força nefasta. O sofrimento, seja cometido pela feitiçaria, por espíritos ou
energias maléficas, quando enfrentado com coragem e resignação, torna-se fator
importante do aperfeiçoamento espiritual. Recordemos que não basta
apenas a coragem para enfrentar os obstáculos da vida necessitamos
também do estímulo místico, ou seja, da religião.
Nem todo os aspectos do mal são proveniente de feitiços
ou espíritos ruins. Um individuo
perturbado em seus pensamentos negativos, poderá facilmente atrair energias
negativas, assim como qualquer pessoa pode convidar o mal ou energias
negativas, adentrar sua casa. Essas energias se alojam nos batentes
das portas de entrada da casa, a espera de um chamado ou de uma oportunidade
para invadir o local. Esse é o motivo que em muitos dos ebo
– oferendas e sacrifícios destinados a “limpar a casa”, passamos
determinados ingredientes no batente da porta principal para depois
serem despachados; assim como esse é um dos motivos que os recém iniciados “rodopiam
ao passar pelas portas”.
Para uma melhor compreensão sobre a Concepção de Bem e
Mal dentro do Conceito Filosófico e Religioso, é necessário e
obrigatória, se assim posso me expressar, possuir uma sabedoria implícita
e profunda sobre uma das mais
importantes e indispensáveis virtudes dos códigos encerrados no Corpo Literário e Doutrinário de Ifá, o Código do Bom Caráter denominado
entre os Iorubás de Ìwà Pèlé, que sobrepassa
qualquer visão filosófica nesse mundo, e ainda afirmo trans ponhe qualquer
outra visão filosófica no planeta, porque essa visão Filosófica de Ifá
é absolutamente única. Aquele que possui conhecimento, entendimento e sabedoria
sobre o Ìwà Pèlé tem em seu Eu Interior a
consciência dos efeitos que causam o ato de maldade e perversidade para
com seus semelhantes, e aquilo que não precisamos neste texto é citar os efeitos Ação
vs. Reação, a tradicional Lei
do Retorno e a Superioridade do Bem contra o Mal.
O Ìwà Pèlé merece um post ou um
estudo a parte, pois falarmos de Ire – bondade, seria um
tema de alegria e beneficio, porque se sabe que os Ire mantem o Ìwà
em toda sua plenitude e nos conduz ao caminho em busca de uma sólida
espiritualidade.
Baba Guido Oni Ajaguna
0 comentários:
Postar um comentário