ÌYÉ ORÒ – As Penas Sagradas e suas pinturas
Ìkódíde, Agbè,
Àlùkò e Lékeléke
as quatros penas sagradas
de nossa religião.
Somente utilizadas dentro da ritualística e nunca como um simples adorno, são elementos primordiais e indispensáveis dentro dos Ìgbèrè – Ritos Iniciáticos e de Passagens de qualquer Divindade do Panteão Iorubá. Não existem penas semelhantes, são únicas em sua essência, simbologia e significado, ou seja, são insubstituíveis. Dentro do Corpo Literário e Doutrinário de Ifá são mencionadas nos mais diversos Oba Odú e seus Omo Odú. Darei um pequeno resumo sobre a simbologia de cada uma das penas sagradas e em seguida postarei trechos dos Ìtan – versos de Ifá.
Ìkódíde trata-se de uma pena de coloração vermelha, extraída da cauda de uma espécie de papagaio africano Psittacus erithacus conhecido popularmente por papagaio-cinzento, papagaio-do-Gabão ou papagaio-do-congo entre o povo iorubá é denominado de Odíde ou Odíderé. Tornou-se Rei entre todas as aves, simbolo da fecundação, da menstruação, da gestação, representa o nascimento e o simbolo do poder feminino. Representação da realeza, honra e status, esta acima da simbologia do Adé – Coroa Real. Fixado a frente da cabeça, representa o processo iniciático e confirma os ritos de iniciação e/ou de passagem.
Agbè - pena de coloração azul extraída da cauda de uma espécie de ave africana Touraco porphyreolophus, da família dos Musophagidae. Descritos nos mitos, como o pássaro que carregava a boa sorte e a riqueza para Olokun – Divindade dos Oceanos. Para que possa agir tem que ser utilizada em contrapartida com o Àlùkò.
Àlùkò - pena de coloração púrpura (entre escarlate e violeta) extraída das asas da espécie de uma ave africana Touraco ruspolii da família dos Musophagidae. Descritos nos mitos, como o pássaro que carregava a boa sorte e a riqueza para Olosa – A Divindade das Águas Doces. Da mesma família que sua irmã, somente age em companhia do Agbè.
Lékeléke - pena de coloração branca, extraída da ave Bubulcus ibis conhecida popularmente por garça-vaqueira ou garça-boieira, nativa da África e do Sul da Europa, que invadiu a América do Norte no início do Século XX e atingiu o Brasil na década de 1960. Descritos nos mitos como o pássaro que carregava a boa sorte e a riqueza para Òrìsà Nla e toda a sua Família Real. Simbolo por excelência de todos os Òrìsà Funfun.
Fragmentos dos Textos de Ifá
Neste fragmento dos Textos Sagrados de Ifá relata a ligação das aves Agbè, Àlùkò e Lékeléke com as pinturas sagradas aró (pó de coloração azul, extraída da árvore Indogofera tinctoria), osùn (pó de coloração vermelha, extraída da árvore Pterocarpus osun) e efun (pó de coloração branca, extraído das minas de calcário).
A expressão “despertar” tem a conotação de “ao amanhecer de cada dia” as aves sagradas carregam em si o poder e a essência de três dos quatros Oba Odú primordiais da Existência Universal: Ogbè Méjì relacionado com o efun, Òyèkú Méjì e sua relação com o osùn e ligação de Ìwòri Méjì com o aró.
O fato de não se “lamentar por muito tempo, algum tipo de infortúnio” está baseado em uma oferenda denominada de Adimu destinado à Ìyá mi Òsòròngà cujo os principais ingredientes são as referidas penas e pinturas.
Baba Guido Oni Ajaguna
Àlùkò - pena de coloração púrpura (entre escarlate e violeta) extraída das asas da espécie de uma ave africana Touraco ruspolii da família dos Musophagidae. Descritos nos mitos, como o pássaro que carregava a boa sorte e a riqueza para Olosa – A Divindade das Águas Doces. Da mesma família que sua irmã, somente age em companhia do Agbè.
Lékeléke - pena de coloração branca, extraída da ave Bubulcus ibis conhecida popularmente por garça-vaqueira ou garça-boieira, nativa da África e do Sul da Europa, que invadiu a América do Norte no início do Século XX e atingiu o Brasil na década de 1960. Descritos nos mitos como o pássaro que carregava a boa sorte e a riqueza para Òrìsà Nla e toda a sua Família Real. Simbolo por excelência de todos os Òrìsà Funfun.
Fragmentos dos Textos de Ifá
- Agbè ni i gbe're k'Olòkun,
- Aluko ni i gbe're k'Olòsa,
- Odidere-Moba-Odo,
- Omo Agbegbaaje-ka ni naa ni i gbe're k'Oluwoo.
- Gbogbo omi ni i fori fOlòkun;
- Gbogbo abata ni i fori fOlodò,
- Ire gbogbo lagbara fi sin Olòkun
- Ire gbogbo lagbara fi sin Olodò.
- Ire gbogbo
- O pássaro Agbè carrega a benção de Olòkun
- O pássaro Àlùkò carrega a benção de Olòsa
- O papagaio do Rio Mogba,
- descendência de um poderoso exército carrega uma cabaça com a fortuna para o Rei de Iwó.
- As águas doces prestam homenagem à Olòkun
- As águas do pântano prestam homenagem à Olòsa
- A Divindade dos Oceanos com todas as suas bençãos
- A Divindade das Águas Doces com todas as suas bençãos
- Todas as bençãos
Os pássaros Agbè e Àkùkò são agentes intermediários entre o poder da imensidão das águas. Oluwoo é um título do Rei de Iwó a Legendária Cidade, reduto da ave Odíderé.
- Ojúure l'Agbè fi í w'aró.
- Agbè won jí t'aró t'aró.
- Ojúure l'Àlùkò fi í w'osùn.
- Àlùkò won jí t'osùn t'osùn.
- Ojúure l'Lékeléke fi í w'efun.
- Lékeléke won jí re pel'efun.
- O pássaro Agbè desperta com aró.
- O pássaro Agbè olha com bondade para aró.
- O pássaro Àlùkò desperta com osùn.
- O pássaro Àlùkò olha com bondade para osùn.
- O pássaro Lékeléke desperta com efun.
- O pássaro Lékeléke olha com bondade para efun.
Cântico da Sociedade Gelede
- Agbe ló l’aró, kìí rá’hùn aró.
- Àlùkò ló l’osùn, kìí rá’hùn osùn.
- Lékèélékèé ló l’efun, kìí rá’hùn efun.
- O pássaro Agbè não se lamenta por muito tempo ao aró
- O pássaro Àlùkò não se lamenta por muito tempo ao osùn
- O pássaro Lékèélékèé não se lamenta por muito tempo ao efun
Neste fragmento dos Textos Sagrados de Ifá relata a ligação das aves Agbè, Àlùkò e Lékeléke com as pinturas sagradas aró (pó de coloração azul, extraída da árvore Indogofera tinctoria), osùn (pó de coloração vermelha, extraída da árvore Pterocarpus osun) e efun (pó de coloração branca, extraído das minas de calcário).
A expressão “despertar” tem a conotação de “ao amanhecer de cada dia” as aves sagradas carregam em si o poder e a essência de três dos quatros Oba Odú primordiais da Existência Universal: Ogbè Méjì relacionado com o efun, Òyèkú Méjì e sua relação com o osùn e ligação de Ìwòri Méjì com o aró.
O fato de não se “lamentar por muito tempo, algum tipo de infortúnio” está baseado em uma oferenda denominada de Adimu destinado à Ìyá mi Òsòròngà cujo os principais ingredientes são as referidas penas e pinturas.
Baba Guido Oni Ajaguna
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