A FAMÍLIA DE SANTO
Em
meu entendimento, designo por “Família
de Santo” o
conjunto
de pessoas que vivem sob o mesmo teto de uma Comunidade Terreiro,
formando o que denominamos de Casa de Candomblé ou Casa de Santo e
com uma ancestralidade espiritual em comum.
Uma
família de santo tradicional é normalmente formada por um rigoroso
sistema de hierarquia, da qual subdivido em três planos. O primeiro
plano formado pelo Baba – Pai e Ìyá – Mãe (quando patriarcal)
e Ìyá e Baba (quando matriarcal); em segundo plano, o “corpo
sacerdotal”, com vários Oyé – título, ordem, classe que
designam autoridades dentro da família; e em terceiro plano os Egbon
– irmãos e irmãs mais velhas e os Àbúrò – os mais novos da
família.
De
um modo geral, essa família de santo expressa seus traços étnicos
de uma origem remota que predominam no núcleo familiar e que a
identificam como sendo de
uma determinada nação.
A
família de santo é considerada uma instituição responsável por
promover o desenvolvimento espiritual, através dos complexos e
elaborados ritos iniciáticos e a educação sócio religioso dos
filhos, que irão influenciar o comportamento dos mesmos no meio
social e religioso.
Um
dos mais importantes e fundamentais papéis da família de santo está
no fato do desenvolvimento religioso de cada indivíduo. São nesse
“seio familiar” que são transmitidos os valores morais da
religião, sua filosofia e doutrina, que servirão de base para o
processo de sua formação religiosa de seus integrantes, bem como um
legado de tradições e costumes deixados por seus ancestrais
religiosos e perpetuados através de gerações por seus
descendentes.
De
suma importância, esse ambiente familiar deve ser um local onde a
hierarquia, harmonia, afeto, carinho, proteção, apoio e
solidariedade, devem se fazer presentes; assim como se necessário, a
resolução de todos os tipos de conflitos e problemas de seus
membros. As relações de confiança, segurança, respeito, conforto
e bem-estar entre seus familiares são indispensáveis, fortalece a
comunidade terreiro e proporciona uma rica e unida família de santo.
Diante
do quadro em que estamos inseridos, a família de santo de uma
comunidade terreiros têm que iniciar para o “viver hoje”, não
só transmitindo o legado das tradições recebidas, mas educando
para viver esse legado fora do ambiente do terreiro, bem como trazer
para o ambiente do terreiro as questões que nos aflige e que é
parte do nosso cotidiano dentro da sociedade em que vivemos a fim de
buscarmos saídas e caminhos de soluções.
Baba
Guido Olo Ajaguna
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