sexta-feira, 19 de junho de 2015

SEGI – Adorno Cerimonial




SEGI – Adorno Cerimonial



Mãe África, continente gigantesco, enigmático, complexo, místico, onde a riqueza de seus minerais, competem com a pobreza de sua população, à vista do Mundo Moderno. Entretanto neste tópico deixaremos de lado os problemas sociais, e abordaremos a riqueza e beleza incontestável de uma das pedras mais misteriosas, denominada entre os Iorubás de segi.

Trata-se de uma conta de coloração azul, não translucida, formato cilíndrico, sua origem é quase que totalmente obscura. De forte significado religioso, a simbologia de sua cor, está ligada ao mito das Divindades Supremas e seus domínios. Amplamente utilizada em diversos rituais, assim como em diversos adornos das Culturas Africanas. Por se tratar de uma pedra enigmática, a mesma faz parte integrantes de diversas receitas da Medicina Tradicional Iorubá.

Na atualidade o termo segi designa as contas cilíndrica independente do material ou cor na qual foram confeccionadas. Entretanto dentro da cultura Iorubá somente o consideram como legitimas as de coloração azul com suas variações de tonalidades e suas formas cilíndricas e irregulares.

Hungeve: Confeccionado em contas de cor marrom, intercaladas com contas de corais e finalizado com segi. Importante ressaltar que na antiguidade somente os Reis Daomeanos tinham o direito de usar as misteriosas contas de segi, pois acreditava-se serem excrementos do Vodum Dan Aydo Wédo.

Contas de vidro Blema Koli em Iorubá designada pelo termo segi, são conhecidas por diversos outros nomes tais como: Koli, Cori, Kor, Segi, Accori, Ekeur, Aggrey

Por séculos os mercadores muçulmanos da Africa do Norte cruzaram o Saara em direção aos reinos da Africa Negra, para traficar escravos e sobretudo em busca de ouro. Mas o que eles usavam nessas trocas ? Sal, feixes de pinho, braceletes de cobre, pingentes e anéis com insignias feitos de cobre, e contas de vidro azul. Quando os portugueses se estabeleceram no Forte de Mina, os africanos pediram que eles trouxessem Cori de suas viagens para o leste para trocar por ouro. Eles navegaram da Costa do Ouro, ao sul de Ghana, em direção ao Reino do Benim para comprar essas contas Cori e seus correlatos, tornaram-se um produto de exportação. Nos quatro seculos seguintes, os visitantes europeus em visita à Costa do Ouro, escreveram a respeito dessas contas de vidro. Nem sempre concordavam sobre o que era ou como deveria ser chamado, mas seus comentários eram bem descritivos. É importante ressaltar algumas questões, sobretudo que, existe um coral azul nessas águas, mas que é tão duro que não pode ser trabalhado para servir como conta, não se conhecendo a existência de nada assim.

Coral é a palavra usada para conta em várias línguas incluindo a holandesa, de quem muitos desses escritores receberam as informações. Esses viajantes eram bem mais treinados para reconhecer vidro de pedras preciosas do que a maioria das pessoas atualmente.


O nome dessa conta foi mudando com o tempo.
No Século XVI passou a ser conhecida como Cori, e em meados do Século XVII passou a chamar-se Accori, isso porque os Ashantis, nome de um grupo étnico que habita o sul do Gana, falantes da língua Twi El Mina, costumam colocar uma vogal no começo das palavras de idioma Fanti. No inicio do Século XVIII, os viajantes Barbot e Bosman relataram que os nativos chamavam essa conta de Accori e que os europeus chamava de Aggrey, esta ultima acabando por ser adotada oficialmente. Enquanto as contas estavam sendo importadas, a fonte sempre foi o leste de Ghana. A importação cessou no começo do Século XIX quando a fonte produtora mudou-se para a República de Gana.


A atribuição de uma origem fenícia foi baseada na impressão errônea de que os Aggrey eram Chevrons (contas cuja origem era considerada fenícia naquele momento).


Foi o visitante Bowdich quem criou essa confusão, em seus belos relatos de viajantes, que descreviam as contas Aggrey como o nome genérico para todas as contas Ashantis de Ghana.
Através dos relatos de Bowdich, quase todos concordavam que essa conta era azul. Brun examinando com mais cuidado verificou que era uma conta dicroica, ou seja, azul quando recebia luz (luz sobre a conta) e verde quando emanava luz (luz por trás da conta).


Os portugueses pediram ao famoso artesão Antônio Neri, imitar essas contas verde/azuis. Essas imitações são bem conhecidas, e são comummente chamadas de Koli, apesar dos Ashantis chamarem-nas de Kor ou Ekeur, todos os nomes correlatos Cori-Accori-Aggrey.
Essas contas são feitas por negociantes de Ghana , mas com características diferentes. Queimam as contas translucidas e mergulham contas europeias para torná-las opacas e mudar de textura, o que parecem estrias de alongamento, são apenas bolhas que se formam na superfície por causa do calor.


O mesmo processo era feito na Nigéria para confeccionar as contas Segi. Ha evidencias de que os nigerianos queimavam as contas Aggrey para alterar a textura delas e o formato para redondo.
As contas Aggrey com ou sem modificações gravitaram em direção a Ife, o que indica a grande afluência delas para a região do Delta do Niger durante as transações com os europeus.


Será possível encontrar legitimas contas Aggrey?
Possivelmente. Um local para ser buscar a resposta é dentro das propriedades dos Reis Ashantis. Eles possuem uma conta tubular cujo nome nada tem a ver com Aggrey. É conhecida por Gyanie pronunciando-se Djení, certamente devido a cidade de Djenne.



Ha muito o que se saber sobre essa misteriosa conta.


Baba Guido Olo Ajaguna

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