O
Exterior sempre será o complemento do Interior
O
título da postagem pode ser estranho a primeira vista, mas quando me
refiro ao “exterior”, estou me referindo ao salão, a sala ou ao
barracão de um Terreiro de Candomblé, onde ocorrem as cerimonias de
caráter público. O “interior” seria os “quartos de santo”
onde as cerimonias são de caráter privado.
Em
minha concepção muito particular, o salão de uma Casa de
Candomblé, tem tanta importância quanto o interior da casa. Não
pode ser tratado apenas como um local de “folclore” e um local
que apenas serve de palco para se apresentar um espetáculo como
muitos andam dizendo.
Considero
essa “ante sala” sagrada, pois ali, mais praticamente no centro,
se encontra “plantado ou acomodado” o Axé do Terreiro; os
quatros cantos do salão estão “preparados”; no telhado, mais
precisamente na “tesoura” encontra-se a cumeeira da casa, morada
essa de um Orixá específico; sem mencionar que a porta de folha
dupla do salão, também foi “preparada” onde serve de moradia
para outras Entidades e por fim, encontram-se nesse local um terno de
atabaques consagrados e sacramentados.
Se
quisermos ir mais a fundo, no salão é realizado o tradicional xirê,
onde irá abrir o portal entre os dois mundo para que ali as
Divindades se fazem presentes; depois de um longo período de
iniciação, o noviço se apresentará em público e revelará aos
presentes o seu novo nome; as pessoas que completarem o seu ciclo de
iniciação, ali será apresentado; o Ipeté de Oxum, o Pilão de
Oxoguiã, o Ajere de Xangô, o Akará de Oyá e tantas outras
cerimonias que serão apresentadas no salão. Sem mencionar que no
salão é realizado um dos mais importantes ritos fúnebres de nossa
religião.
Então
eu pergunto: Onde se encontra o fato do salão não ser importante?
Se não tem importância alguma, poderia alugar esse espaço para
festas de aniversários ou casamentos? Poderia promover festas com os
mais variados estilos de musicas e danças?
Tratar
com desdem o salão é tratar com desdem aquilo que foi realizado
dentro do sagrado, pois um complementa o outro.
Baba Guido Olo Ajaguna
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